Entre Preferências Musicais e Dilemas Pessoais

Há certas frases que me deixam pensando sobre elas por um boooom tempo. Não costumam ser frases filóficas e profundas, pelo menos não do modo tradicional.

Sou fã do Zeca Baleiro pelo dom que ele tem de me intrigar.

“Meu amor, minha flor, minha menina, solidão não cura com aspirina […]”

Como ele consegue juntar três cliches e sabedoria popular numa mesma frase e torná-la poesia?

É engraçado porque quando se fala em poesia, logo me vem à cabeça versos verborreicos e, de repente, me deparo com algo tão singelo mostrando que menina e aspira podem falar de amor.

“Vem me trazer calor, fervor, fervura, me vestir do terno da ternura/ sexo também é bom negócio, o melhor da vida é isso e ócio”.

Parece que as palavras querem derreter na sua boca: SEXO NEGOCIO ISSU E ÓCIOprovaca o paladar. É, talvez haja um paladar musical.

O problema é que acabo levando pro lado pessoal. Será que eu faço isso no meu cotidiano? Quero dizer, será que procuro rebuscar as coisas que são simplesmente lindas? Há uma probabilidade alta se notar que tornei a múscia num pequeno dilema pessoal.

Enfim, vou postar um vídeo aqui com a música; tentei encontrar um com o Zeca tocando ao vivo mas o áudio estava horrivel, por isso vamos nos contentar com um vídeo caseiro que esteja com o áudio perfeito.

Espero que gostem e se atormentem tanto quanto eu, pra não me sentir sozinha no mundo. OH!

Imaginando Pessoas

 

Eu tenho o hábito de imaginar a história das pessoas que eu não conheço e das casas que vejo ao longo de uma viagem.

Outro dia estava no ponto de ônibus e uma garota, bonita até, ficou em pé ao meu lado. Nada fora do normal, usava um jeans escuro, camiseta não muito larga, All Star e os cabelos desenrolavam cachos até a altura do seio – não que eu repare muito . Carregava alguns livros no braço e imaginei que fosse do tipo que pega muitos livros na biblioteca, atrasa e não lê. Tinha cara de ter apelido monossílabo como Ju, Lu, Ca, Dé, enfim, resolvi chama-la de Ju.

A Ju parecia estar gostando de um carinha mas saindo com outro, ou outros, nada sério. Com certeza estudava. Mais fugia das aulas do que as frequentava -coisa feia, Ju.

Preferia pizza à salada, balada a churrasco, falar a ouvir, moreno a loiro e definitivamente não era do tipo que acampava em carnaval. Em cinco minutos eu sabia de tudo isso, já era íntima da Ju.

Antes que eu pudesse imaginar mais alguma coisa, o celular da Ju começou a tocar, não era nenhuma música então não deu pra eu imaginar nada a respeito de seu gosto musical ou de balada:

-Oi amiga estava mesmo precisando falar com você… a Drica disse que o Diego vai na festa amanhã… não sei, se eu colocar aquele pretinho básico e uma sandália vermelha vou parecer vulgar ou atirada??

Não Ju, vai parecer sexy e poderosa – pensei em dizer

-É né, disseram que ele perguntou de mim… que acha de eu mandar um recado no facebook dele, ou uma ovelhinha pelo orkut, ele disse que precisando..

Não Ju, nada de ovelhinha, um recado seria legal, mas eu tenho medo de deixar você fazer isso sozinha.

-Pois é, depois que a gente ficou no mês passado ele não me ligou, será que aconteceu alguma coisa?? Será que eu devo ligar?

Aconteceu sim, sempre acontece. Provavelmente o cachorrinho dele teve um enfarte, ou cortaram a linha de telefone sem data pra religar, ou quem sabe perdeu a voz e os dedos estão paralisados, o que explicaria o porquê de não enviado mensagens ¬¬’

 Ju, ele não é o único garoto do mundo, vá à essa festa de pretinho básico , sandália vermelha e espera pra ver o que a noite reservou pra você! – ah se eu pudesse falar…

-Valeu amiga, vou fazer isso mesmo. – e desligou-

Não demorou muito e a Ju se foi enquanto continuei ali, imaginando o que será que ela resolveu fazer. Tomara que a amiga dela tenha lido meus pensamentos do outro lado da linha. Ou não, afinal, se a sedução fosse uma tela, eu pintaria em dadaísmo.

     

Sobre Mim… e o Valdir

 

Bem vindos à minha caixa preta!

Não sei ao certo o que esse blog trará à tona. Vou confiar na espontaneidade e esquecer o roteiro.

Venho de uma família muito estruturada- minha mãe é professora do ensino fundamental, meu pai era comerciante e cresci numa cidadezinha chamada São João batista do Glória junto com outros 8 mil habitantes dos quais 3 mil viviam na zona rural.

Você deve estar se perguntando, “mas o que pode acontecer de interessante num lugar assim?” É, não muita coisa tenho que concordar e, pra fugir dessa quietude que resolvemos viajar.

Era época das férias de julho quando juntamos nossos santos e coisas numa kombi antiga e seguimos pra casa da tia Margarida que mora até hoje em Formiga, outra cidadezinha de Minas Gerais que mal tinha asfalto na época.

Assim que chegamos fomos recebidos com pães-de-queijo e café quente. As mulheres se juntaram a beira do fogão à lenha pra colocar os pingos nos “is” e os homens foram pra venda do seu Juca jogar baralho e tomar cerveja.

Papo vai papo vem, por volta das 19:00 horas os rapazes voltam pra casa e só o meu pai é que não veio junto. Minha mãe ficou inquieta, celular não era coisa daquele tempo, então saímos pra procurar o fujão. Depois de meia hora dando voltas no quarteirão voltamos pra casa da tia Margarida, qual não foi a surpresa! Um macaco, um chimpanzé em cima do sofá da minha tia com uma coleira – se é que se pode chamar assim- em volta do pescoço. Deu-se a correria, gritos das mulheres, gargalhadas das crianças e nessa confusão saiu meu pai, belo e formoso do quarto ao lado perguntando com uma paz intrigante o que era aquilo tudo.

-Você não vendo esse macaco aí não?

-Quem, o Valdir??

-Valdir? Como assim Valdir?

-Ué, esse é o nosso novo bicho de estimação, querida.

Tentei me aproximar meio curiosa do Valdir mas a minha mãe me impediu.

-E você arrumou onde esse… esse… macaco?? Por acaso ficou louco, quem é que vai cuidar desse bicho? Acha que ao menos vai caber na kombi na volta pra casa??

-Já que você mencionou a Kombi… ela não vai ser problema.

Antes que ele dissesse mais uma palavra minha mãe já estava branca e gelada.

-Troquei a kombi pelo Valdir.

Eu já vi vários níveis de histerismo ao longo da convivência com minha mãe, não sem razão na maioria das vezes, mas nunca desse jeito. Parecia que um macaco havia possuído o corpo dela; ela pulava tentando alcançar meu pai, enquanto meus tios a seguravam. Analisando a situação estávamos todos nós, longe de casa, sem condução para voltar e nenhum ônibus aceitaria transportar o pobre Valdir- não que alguém além de mim e meu pai estivesse pensando no bem estar dele naquele momento.

Furiosa minha mãe saiu puxando o Valdir pela coleira até a venda do seu Juca que acabou contando quem era o ex dono do Valdir.

Parecia procissão, minha mãe no meio, eu de um lado, o Valdir do outro e a família toda atrás, até que chegamos na casa do procurado. Depois de muita discussão, o homem resolveu devolver a Kombi, pegar o bicho de volta e claro, embolsar um trocado a mais pela destroca.

Minha mãe ficou alguns dias emburrada com meu pai que pra se desculpar, pichou a casa inteira com declarações de amor, mas isso é assunto pra um próximo encontro.

Essa foi uma breve introdução à minha vida, para que não julguem mal episódios futuros, afinal o que vier depois disso, não parecerá tão absurdo. 😉

Hello world!

Welcome to WordPress.com. This is your first post. Edit or delete it and start blogging!